
“Digo-vos a verdade: é melhor para vós que Eu vá, pois, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se Eu for, Eu vo-lo enviarei” (Jo 16:7)
Padre Tomás
Padre Alfredo
Padre João
Padre Roberto
Padre Jonas
Padre José
Padre Tomás
Em primeiro lugar devo confessar que com os meus racionalismos e formação sacerdotal eu não queria ser rezado. Eu tinha muitas dúvidas sobre a Efusão. Não entendia porque é que as pessoas rezavam naqueles sons estranhos (em línguas) e louvavam e glorificavam a Deus em voz alta. Pensei que estava no retiro a perder o meu tempo. Mas ao ver os leigos alegres e a dizerem maravilhas lá fui para a fila das pessoas que estavam para ser rezadas para a Efusão. Quando me impuseram as mãos eu vivi uma experiência muito bela: senti-me verdadeiramente tocado por um amor puro e cristão. Para mim significava o desejo de toda aquela gente do retiro de que eu fosse abençoado por 78 Deus. Mas para além disso eu não senti mais nada, excepto como disse a doce sensação da oração e o amor espiritual dos irmãos. Embora tivessem rezado por mim eu saí do retiro com a sensação de que não tinha sido “baptizado” no Espírito Santo. Contudo eu após a Efusão recebi duas grandes graças:
1ª) saí do retiro com fome de oração e um novo entusiasmo pela Palavra de Deus. Passei a rezar com grande facilidade, interesse e capacidade. Lembro-me de que antes me aborrecia ler o Breviário, mas depois do retiro, deitado na cama, eu estava tão entusiasmado e emocionado com a Glória de Deus, com a Sua bondade, a Sua magnificência e esplendor, que não conseguia dormir. Tudo estava mudado. Antes ao ler os Salmos eu adormecia. Naquele dia, lendo-os não conseguia adormecer;
2ª) saí do retiro cheio de amor e com uma alegria que não posso explicar. Naquela mesma noite encontrei-me com um colega que me interrogou sobre o retiro. Respondi simplesmente que tinha sido uma grande experiência e que me sentia cheio de alegria. Embora, como disse atrás, julgasse que não tinha sido “baptizado” no Espírito Santo.
Mas voltando atrás como disse naquela noite eu não conseguia adormecer mesmo a ler os Salmos. Antes pelo contrário, eu distraía-me e dava por mim a rezar. Como não conseguia sossegar-me peguei num jornal e comecei a lê-lo. Mas em vez de dormir dei comigo pensando só em Deus. E o mais estranho é que comecei a cantar. Mas a minha voz era tão má que eu para cantar era preciso um milagre e por isso até tinha dito no retiro “se me ouvirem cantar é sinal de que o Espírito Santo me tocou verdadeiramente”. Depois de recordar estas palavras que tinha dito por brincadeira percebi que estava cantando numa língua nova que não era a minha. Saía da minha boca uma série de sons que constituíam uma vivência interior inesquecível. Naquela noite vivi uma experiência pessoal do Amor de Deus. Esta experiência mudou radicalmente a minha vida de sacerdote. Não posso contar tudo, nem tenho palavras para explicar tudo o que se passou nessa noite. Mas sentia-me tão feliz e contente que ao levantar-me da cama, comecei a brincar no meu quarto. Tal era a minha necessidade de expressar a alegria de ter sido pessoalmente tocado por Deus.
No dia seguinte ao retiro todos me achavam estranho. O meu comportamento era muito emocional pois era a emoção que produzia em mim a convicção de que Deus me amava pessoalmente. Era o Seu Amor que me emocionava. As pessoas da paróquia começaram a dizer: “o Padre Tomás foi fazer um retiro carismático e voltou louco…”. O boato correu toda a paróquia. Felizmente com o tempo moderei um pouco as minhas emoções pois no início confesso que só pressionava as pessoas a receberem o “baptismo” no Espírito Santo. Eu falava claramente do Pentecostes e convidava todas as pessoas a receberem o Espírito Santo.
Devo ainda acrescentar que naquele retiro, após a Efusão, fui curado de uma dor de costas e outra no joelho. Isto constituiu também para mim um novo ensinamento em relação à cura, pois compreendi que Deus é livre para curar quem Ele quer e como Ele quer, directamente ou através dos seus instrumentos. Mas como sabemos a cura vem sempre d’Ele.
Quero terminar este testemunho dizendo que por toda a eternidade vou dar glória ao Senhor e agradecer-lhe aquele retiro. Foi o meu Pentecostes em que Cristo derramou sobre mim o seu Espírito Santo.
Padre Alfredo
A minha primeira Efusão do Espírito Santo foi para mim um marco indescrítivel para a minha posterior caminhada no mesmo Espírito. Tudo mudou na minha vida a partir daquele dia. Nessa Efusão quando me impuseram as mãos, eu não caí no repouso no Espírito (talvez porque tivesse resistido), mas pareceu como que um tremor de terra que me fez estremecer todo da cabeça aos pés. Após ter sido rezado, não sei o que me sucedeu mas senti uma necessidade imensa de me recolher no silêncio para saborear aquele momento único da minha vida. Logo que cheguei a casa fui para a capelinha e fiquei lá não sei quantas horas ao pé do Santíssimo. Senti ali uma presença tão viva de Cristo que, sem O ver com os olhos carnais, Ele operou em mim uma transformação radical. A partir daquele dia, senti que qualquer coisa tinha mudado profundamente em mim. Quer durante o momento da Efusão, com aquele forte abanão, quer depois durante aquela Adoração Eucarística eu vivi essa grande experiência de que Cristo está realmente Vivo entre nós. Eu experimentei nesse dia essa verdade na minha vida. Tudo mudou na minha vida e a partir daquele dia o meu sacerdócio passou a ser diferente. Passei a ter uma maneira diferente de celebrar a Eucaristia, de falar, de fazer a homilia, de acolher as pessoas no sacramento da Reconciliação, etc. Para mim a partir daquele dia, o ser padre tomou outra dimensão. Eu passei a ser um outro padre.
Jesus Cristo está realmente Vivo entre nós e, se alguém me disser que não é verdade eu desminto-o. Antes da Efusão o Espírito que já estava dentro de mim através da infusão do Baptismo e também do Crisma, estava como que amarrado, fechado, sem poder manifestar-se. Com a Efusão eu abri-me e a partir daí deixo-me conduzir pelo Espírito e deixo que Ele se manifeste. Não podemos oferecer resistência ao Espírito Santo.
Padre João
A primeira vez que assisti a uma Efusão quando vi várias pessoas a ir para a frente para receberem a oração eu fiquei imóvel no meu lugar sem intenção de ir e de ser rezado. Este meu desejo fortaleceu-se quando vi um irmão cair de costas e ficar no chão. Lembro-me de ter pensado que ele tinha sido empurrado. Pensei em abandonar a sala mas fiquei para apurar os factos e ver se as pessoas eram ou não empurradas.
Na segunda vez que assisti a uma Efusão foi dada uma explicação sobre a Efusão e o Repouso no Espírito e depois fui convidado a experimentar o poder do Espírito Santo. Tinham sido dadas algumas passagens da Sagrada Escritura que eu não considerei convincentes (embora hoje o reconheça que são), mas o que realmente me tocou foi a passagem e a referência a S. Paulo que também tinha caído do cavalo. Na verdade devo confessar que eu não estive muito atento ao ensinamento porque não tinha nenhuma intenção de ser rezado e de cair de costas no chão. Fiquei confuso mas vi-me obrigado na Efusão a acompanhar os presentes quando todos foram para a fila para serem rezados. Fui sem esperar nada, ou que me dessem um empurrão e eu me desequilibrasse, e então eu cairia. O que achei bom foi que tinham colocado um homem atrás de mim para me segurar caso eu caísse para trás. Enquanto estava na fila notei que vários irmãos foram caindo quando eram rezados. Pensei que aqueles que caíam o tinham feito provavelmente por serem susceptíveis ao poder da sugestão: tanto queriam cair que caíram e estavam fingindo. Quando chegou a minha vez eu estava nervoso, quer pensando que podia cair, quer que não ia cair. Pensava “Se eu cair será que isso não significa que eu tenho algum defeito?”.
Mas chegou a minha vez e lembro-me apenas do pregador ter colocado apenas a mão direita a poucos centímetros da minha testa. Até hoje não sei exactamente o que aconteceu. Senti que estava caindo para trás, quase voando, e como disse ele não tinha encostado nem um dedo em mim. Fiquei no chão durante alguns minutos. Eu estava totalmente consciente de tudo o que estava acontecendo à minha volta e sentia muita Paz. Desde então já tive esta experiência várias vezes em diferentes retiros carismáticos e com diferentes pessoas (leigos e sacerdotes). Em todas as vezes foi uma experiência de cura para mim. Há algum tempo a esta parte também tenho rezado pelas pessoas e algumas também têm repousado no Espírito. Alegro-me no poder e acção do Espírito Santo. Para mim infelizmente, só acreditei quando eu próprio experimentei. A prova definitiva foi na verdade a minha própria experiência pessoal pois, como referi, antes disso tinha, sem razão, uma atitude negativa em relação à Efusão e ao Repouso no Espírito. Isto talvez porque toda a minha abordagem de Deus foi mais intelectual do que experiencial.
Padre Roberto
Na minha primeira Efusão quando rezaram por mim lembro-me de ter ficado deitado no chão. Senti uma paz profunda e a consciência do enorme poder de Deus. Depois dessa primeira vez já repousei muitas mais. Em quase todas elas recebi curas interiores, nomeadamente quando repousei no Espírito. Lembro-me que uma vez estava exausto e que após alguns momentos de repouso com o Senhor após a Efusão levantei-me reanimado e renovado. Deus deu-me a graça de ser também utilizado como instrumento para Efusão e Repouso no Espírito de outras pessoas. Na primeira vez que tive essa experiência fiquei surpreso pela pessoa ter caído e chamei uma pessoa para que examinasse a que caiu para ver se tinha acontecido algo. Ela assegurou-me que ela “simplesmente estava repousando no Espírito”. São experiências únicas. Constato que o repouso no Espírito é uma via poderosa de cura. Comecei a ouvir histórias de outros irmãos em que o Senhor em retiros realiza curas profundas em espaços de tempo relativamente curtos em que as pessoas estavam a repousar no chão após a Efusão. O Senhor é Maravilhoso. Deixemos pois que as pessoas tenham um encontro directo com o Senhor. Assim o Senhor realizará muitas curas e as pessoas sentirão o Seu Amor.
Padre Jonas
Quando recebi a primeira vez a Efusão do Espírito Santo eu era ainda seminarista. Foi num retiro de um dia em que a pregação foi sobre os dons e os carismas do Espírito Santo e o que estava acontecendo no Renovamento Carismático. Na altura não entendi o que era a Efusão do Espírito Santo, e os dons e carismas na perspectiva do Renovamento Carismático. Eu sabia o que eram os carismas e o que eram os dons pois isso tinha-me sido ensinado no Seminário, mas não como me era apresentado naquele retiro em que se falava que as pessoas eram hoje curadas, que as pessoas rezavam em línguas, etc. A confusão tomou conta da minha mente. Mas mesmo assim o Senhor semeou no meu coração um desejo muito grande e fui para a fila para ser rezado na altura da Efusão. Quando impuseram as mãos sobre a minha cabeça eu lembro-me que fizeram uma pequena oração mas eu não senti nada. Eu não caí e por isso pareceu-me que nada havia acontecido. Mas nessa noite no pátio do Seminário comecei a rezar como nunca tinha rezado na minha vida. Eu tinha recebido uma grande graça de oração mas que eu nunca tinha imaginado horas antes. Foi uma Efusão do Espírito Santo como Jesus falou: “do seu seio jorrarão rios de Água Viva” (Jo 7:38). Sabemos que um rio de água viva começa com um pequenino fio de água na nascente. Foi assim na minha vida. Do meu coração pequenino brotou um rio de água viva. Eu sentia também uma grande tranquilidade e uma grande paz. A minha vida espiritual mudou radicalmente e eu comecei a ter gosto pela oração, pela escuta da Palavra, a viver e a participar realmente na Eucaristia, a ter um verdadeiro arrependimento dos meus pecados, etc. Nesse dia eu fui recriado no Espírito Santo e tive uma verdadeira conversão.
Padre José
Quando me tornei sacerdote, fruto da minha preparação no Seminário, eu acreditava na Teologia (as verdades de Deus), mas não em Deus.
Quando recebi a Efusão senti uma corrente de Amor atravessar-me. Dei comigo estendido por terra e ouvi o Senhor dizer-me: “Tu és Meu Filho”. Quando me levantei sabia que realmente algo se tinha passado comigo. A Efusão constituiu uma reviravolta na minha vida e no meu sacerdócio. Desde então, através do meu ministério, muitas outras pessoas conheceram a experiência da sua filiação a Deus graças ao Espírito que d’Ele dá testemunho: “porque o amor de Deus (ou seja, o Amor que Deus tem por cada um de nós) foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. (Rom 5:5).
A Efusão permite-nos ter uma experiência muito profunda de Deus. O Espírito quer que saibamos no mais profundo de nós mesmos que somos filhos de Deus. Quando fazemos a experiência do Espírito de Deus desejamos falar d’Ele aos outros.