Libertação Mónica

Mónica

Numa viagem com o meu marido à Tailândia iniciámo-nos na meditação transcendental porque isso parecia ser bom para a nossa saúde mental, para diminuir o stress, etc… e até para rezar (eu tinha-me tornado católica aquando do meu casamento havia 10 anos). De regresso a casa começámos também a fazer um pouco de ioga com posturas “asanas” (10 minutos de manhã e à noite) para acompanhar a meditação transcendental pensando que isso seria bom para a nossa saúde mental e física. Depois iniciámo-nos mesmo no ioga.

Fizémos depois um curso de mantras e um curso de um mês de visualização ou inteligência criativa que é uma técnica meditativa mediante a qual com a imaginação (dizem os seus adeptos) se pode determinar toda a espécie de acontecimentos positivos, cura de doenças, prosperidade económica, etc. Por outras palavras, é uma técnica com a qual se chega à consciência de sermos o “arquitecto” da nossa própria vida. É uma consciência na qual nos damos conta, de um modo profundo, que nós somos os criadores do nosso universo, pelo qual somos responsáveis em cada momento, ou seja, em que não existe uma separação entre nós e Deus. Na linguagem deles nós tornamo-nos sensitivos, e no nosso corpo astral, o desejo de atingir um objectivo, acumula um forte poder energético que atrairá o resultado desejado como um magnete. Ou seja, segundo eles, o pensamento é uma forma energética e como tal é capaz de atrair energias com a mesma frequência. Visualizar significa portanto agir sobre o astral, mas também sobre a própria psique para nos tornarmos autores da nossa própria vida e saúde.

Na meditação transcendental eu fiquei encarregue de ser a “coordenadora” das pessoas que estavam a meditar, para as ajudar a meditar com os mantras e para fazer com que todasas que eram distraídas se tornassem atentas e tranquilas e que repetissem bem o mantra para que, com o exercício, o mantra agisse completamente nelas. Eu explicava-lhes que o mantra era uma vibração que correspondia à nossa natureza profunda e que nos “falava” a cada um pessoalmente. Os mantras são palavras hindus em sânscrito e mesmo nomes de demónios hindus. Eles têm por objectivo abrir os chakras e de fazer subir a “kundalini”.

O ioga foi-nos apresentado pelo nosso instrutor como uma pirâmide a escalar. O ponto mais alto era atingir o “samadhi” (união com “Brahman”) e o mais baixo as “asanas” (exercícios, posturas, movimentos do corpo) que nos davam bem estar e saúde. O objectivo era atingir o “samadhi”: o desaparecimento total de mim mesmo no todo cósmico e fundir-me/unir-me na inteligência criadora, no supremo ser (“Brahman”) e o meu ego e eu própria desaparecer. Em relação ao sexo ele dizia-nos que não era bom, porque nos fazia dispender energia e que essa energia era preciso guardá-la porque isso aumentava a “kundalini”. E que era também necessário guardar a energia sexual para os grandes mestres/gurus que eram como que seres superiores que se alimentavam da energia dos outros. Aquele instrutor que nos instruia como se vê era também como que um mestre espiritual. E nós acabávamos na verdade por estar subordinados a ele espiritualmente. Era como se todos nós estivéssemos dependentes dele.

Fiz uma iniciação que tinha por objectivo abrir os chakras e permitir que as energias/forças cósmicas entrassem em nós. Com esta iniciação era suposto nós dirigirmo-nos ou atingirmos o “samadhi” e o nosso espírito desaparecer completamente, tornarmo-nos um espírito cósmico completamente desencarnado. Eu ouvi dizer muitas vezes que uma maneira de parar os sofrimentos era diminuir a nossa sensibilidade. E esta iniciação tinha como objectivo revestir-nos de uma carapaça de insensibilidade. E na verdade eu desenvolvi progressivamente uma insensibilidade e uma incapacidade de amar. Não havia mais amor em mim. Cresceu em mim uma grande frieza. Não só uma grande barreira entre mim e as outras pessoas mas também entre mim mesma e o meu coração. Isso era-me apresentado como um estado normal para alcançar a minha pureza.

Além de não ter compaixão por ninguém, eu passei a não ter qualquer paciência e a ficar muito irritável e muito agressiva. Eu passei a negligenciar os meus deveres familiares e sociais. Eu negligenciei verdadeiramente os meus filhos. As nossas relações familiares em casa com os meus filhos e marido foram muito afectadas. Haviam muitas escaramuças em casa. Muitas das pessoas que frequentaram essa iniciação divorciaram-se e eu estive à beira disso porque eu não tinha nenhuma paciência e fiquei com uma irritabilidade profunda. Tinha também emoções variáveis e comecei a ter alucinações que me deixavam com muito medo. Eu fiquei com uma grande confusão mental e com uma grande confusão interior. Na prática nós ficamos divididos interiormente porque 86 temos uma parte do nosso ser que nos controla e uma parte do nosso ser que quer viver, chorar amar, etc… e que sofre. Há, como já disse, um conflito interior constante. Em tudo isto instalou-se também dentro de mim o “eu” que era mais importante do que tudo. Quando este culto ao “eu” se instala tornamo-nos extremamente egoístas.

Por último, teve um efeito na minha vida espiritual. Como disse eu tinha-me tornado católica havia 10 anos. Com o ioga e a meditação, durante 5 anos, eu desenvolvi uma capacidade de mediunidade e de clarividência. Ao fim de 3 anos de meditação e de ioga eu fazia “sonhos” de levitação (sensações de estar suspensa no ar e alucinações), eu sentia visitas de espíritos (demónios, que me faziam medo), eu conseguia sentir que algo dentro de mim me guiava, sentia como que ataques no meu coração (arritmias, batimentos fortes do coração, ataques de ansiedade, dificuldade de respiração, transpiração anormal, tremores e choques eléctricos, aperto no peito), etc. Enfim, estas práticas colocaram-me em contacto com forças espirituais demoníacas. Mas um dia eu disse a mim própria: “Vai ser a última vez. Acabou!” Então eu afastei-me das pessoas e dos locais e consultei um sacerdote que me confessou, acompanhou e me libertou das opressões do demónio. A minha capacidade de mediunidade e de clarividência terminaram logo quando me converti e voltei a Jesus. No início o demónio atacou-me a mim e aos meus filhos. Foi terrível. Era como se eu tivesse uma arma apontada à cabeça e como se eu tivesse em perigo de morte. Era como que uma opressão mortal que fazia os meus filhos chorar sem parar, às vezes durante 3 dias. Mas tudo terminou, como disse, com a minha conversão, aproximação dos sacramentos e com a oração daquele sacerdote e de outros irmãos em Cristo que sem me conhecer me ajudaram.