Libertação Maria Fernandes

Maria Fernandes

Sinto que é meu dever dar este testemunho para alertar outros para não entrarem nos caminhos das trevas que eu procurei.

Sou uma jovem com 32 anos. Fiz a minha primeira comunhão com 11 anos e como rapariga de uma pequena vila do interior ia à Missa todos os Domingos.

Porque eu não comia quando era criança, os meus pais, apesar de católicos, levaram-me a dois bruxos pelo menos quatro vezes. Um desses bruxos chegou a adivinhar que eu tinha caído de um castanheiro, coisa que eu nunca tinha contado aos meus pais com medo, e que na verdade tinha mesmo acontecido. Na minha adolescência, na escola secundária fiz o jogo do copo e algumas orações, ou lá o que eram, que vinham na revista “Boa Estrela”. Cheguei também a ler o livro de S. Cipriano (mago) mas começou a doer-me a cabeça e tive de o largar. Como vemos o demónio aproveita-se da curiosidade dos inocentes.

Quando entrei na Universidade eu levantei muitas dúvidas sobre a religião Católica. Depois de ter tirado o curso estive a trabalhar numa junta de freguesia e ia à igreja só por ir, pois não sentia nada, mas às vezes devido à posição que ocupava na junta e por uma questão de etiqueta eu tinha que ir aos funerais.

O meu maior problema surgiu quando fiquei desempregada aos 27 anos porque tive uma depressão que me causou danos físicos e psíquicos. Para sair dessa situação de mal-estar psíquico (não dormir, fechada em casa sem poder ver ninguém, com pensamentos maus, etc.) e com a minha curiosidade inacta com o sobrenatural (pois, como disse, já tinha procurado estes meios em criança e adolescente), eu procurei o espiritismo e a bruxaria/curandeirismo por estarem perto e acessíveis. Fui a uma senhora que, além de fazer espiritismo, era também curandeira e cartomante e a um homem que era curandeiro e bruxo. Eu chamo-lhes os “entendidos”. Ambos rezaram por mim sem nunca me imporem as mãos (apenas o faziam às pessoas possessas). Agarravam-me nas mãos e “abençoavam-me” com líquidos que tinham. Eles faziam também a reza do azeite. Com o meu nome faziam umas “orações” (que eu não sei porque eram só deles), deitavam umas gotas de azeite e depois diziam-me que eu ficaria melhor de saúde e protegida por uns meses. Ainda me chegaram a dizer que, por eu rezar, tinha o espírito mais branco, mas que mesmo assim era muito atacada por inveja. Para eles o meu problema de depressão era causado pela inveja de outros.

Com a espírita assisti a uma invocação dos mortos à noite. Noutra vez ela disse-me que o meu marido sofria de mareamentos de cabeça devido a otites mal curadas em criança e que se ele tossisse um bocadinho quando se sentisse assim, iria aliviar esse mal-estar; e é verdade que a partir daí ele fez isso e sentiu-se melhor. O demónio faz estas coisas para nos atrair. Ela fez também um feitiço para a minha cura e para que tudo fosse bom na minha vida: embrulhou em fio um coração, ao som de umas rezas e pediu para eu o enterrar ao pé de uma árvore e para o regar todos os dias durante um ano com uns líquidos que lá comprei. Além disso mandou-me colocar as fotografias da família num caixa com uma oração e cobertas desse líquido e para guardá-las também durante um ano. E eu fiz tudo isso.

Curioso é o facto de que estes agentes do demónio tinham várias imagens de santos e de Jesus Cristo nas suas casas, o que me levava a pensar que não se estava num sítio assim tão mau! Além disso mandavam-me assistir a umas quantas missas, rezar salmos e orações durante uma semana e dar esmolas aos pobres. Mas devo dizer que os locais maus são identificados por nos causarem mal-estar. Algo me dizia cá dentro que eu não devia ter ido àqueles locais, e basta nós rezarmos e pedir a Deus para nos apercebermos que estamos em lugares em que não devemos estar. Mas na altura o sacerdote da terra nunca tinha tempo para os paroquianos e ir ao psicólogo faria que eu ficasse com fama de tonta, porque eu vivia num meio pequeno em que não há sigilo profissional e tudo é dado a conhecer a terceiros. E assim procuramos para resolver os nossos problemas do modo mais fácil e com o que está ao nosso alcance, e que é o ocultismo.

Como não vi grandes melhoras de saúde a partir daí andei “tresmalhada” por outros caminhos também do desagrado de Deus, como são as práticas e teorias para a saúde e bem-estar da Nova Era, mas que não resolvem nada e que, pelo contrário, nos fazem mergulhar em mais doença e sofrimento. Comecei a interessar-me pelo reiki porque, segundo diziam, permite a auto-cura. Eu não fui a sessões de reiki. Comprei um livro de iniciação ao reiki, pesquisei também na internet e tentei fazer o que lá diziam para ficar melhor da minha doença. Eu passei a recitar mentalmente várias vezes as “normas” que estavam no livro para chamar a energia curativa e em vários sítios da casa. Eu tinha as imagens/símbolos do reiki e algumas palavras que dizia repetidamente pois era referido que fazendo isso se alcançava o que se pedia e que era também bom para o bem-estar da mente, para nos sentirmos melhor. Mas no fundo eu estava era a convidar os espíritos do Reiki (demónios) desenhando as suas imagens/símbolos do reiki e chamando-os pelo seu nome. Também trazia algumas imagens/símbolos do reiki comigo para a minha protecção e tinha outras espalhadas em vários locais da casa. Andava fascinada com aquelas coisas mas nada mudou na minha saúde, embora fizesse tudo como era ensinado, nada resultava. Pelo contrário, foi então que se iniciou a minha arritmia cardíaca. Também fiz meditações com CDs de músicas (com mensagens explícitas e subliminares) e mantras que comprei em locais do oculto no Porto e que era suposto serem para relaxar e pedir aos deuses que me ouvissem. Também usei pedras (cristaloterapia).

Cheguei também a ler umas páginas de um livro espírita, a ver na televisão por cabo o programa “Fenómenos Paranormais” e assisti a uma “queimada” na Galiza. A “queimada” é um ritual de origem celta em que se bebe uma bebida alcoólica elaborada com aguardente, açúcar, casca de limão ou laranja sobre a qual foi feita uma oração de esconjuro e que tem por objectivo afastar os maus espíritos e proteger as pessoas contra os feitiços, maus olhados, bruxaria, etc. Felizmente só assisti e não tomei a bebida que fizeram. Mas mesmo assim não deixei de ter assistido a um ritual demoníaco.

Mas tudo isto e muito mais, são mentiras do demónio porque eu fiquei ainda mais doente. Sentia-me fraca, sem apetite (emagreci), mal-estar e dores no estômago e de barriga, infecções, etc. Tinha insónias, era dia sim dia sim que não dormia, e muitas vezes o pouco que dormia acordava com pesadelos e paralisada (sonhos com pessoas a correrem atrás de mim e eu sem força e meios para me proteger). Andava cada vez mais nervosa, irritada e de cabeça pesada (sempre com os nervos à flor da pele e sem razão aparente), com dupla personalidade e sem grandes palavras para com os outros. Tinha também muitas tentações, inclusivé de suicídio. Não via a luz ao fundo do túnel. Insultava a Deus perguntando-lhe porque é que me dava este sofrimento. Quando ia a festas para tentar ficar alegre era bom, mas essa alegria era efémera e não era nada real.

Depois de ter participado num convívio fraterno, a pedido de uma amiga fui a um grupo de oração carismático. Foi aí que soube que ia haver um retiro com o Prof. João e a sua equipa. Porque me sentia mal de saúde decidi participar nesse retiro. No sábado na oração de renúncia quando o Prof. João rezou por mim eu fiquei possessa. Após a minha libertação mandaram-me ir confessar mas apesar de ter ouvido os ensinamentos eu não me confessei devidamente porque não tinha consciência de muitos dos meus pecados, alguns dos quais referi e descrevi atrás. Por exemplo eu confessei-me que fui uma vez ao espiritismo mas na verdade tinha ido 6-8 vezes àqueles “entendidos”. Evocava os demónios do reiki e não tinha a mínima consciência disso.

Quando o Prof. João rezou por mim novamente no Domingo na Efusão eu voltei a manifestar-me. Depois de me libertar ele levou-me para junto do Santíssimo e fez comigo novamente a oração de renúncia. Ele pousou uma das mãos nas minhas costas e cada vez que era enumerado um local onde eu tinha andado eu manifestava-me tremendo ou sentindo-me mal. Então o Prof. João pediu a um elemento da equipa, o Sr. Luís Filipe, para ir apontando os meus pecados numa folha à medida que eu ia dando “sinal” na oração. Eu peguei nessa lista e fui-me confessar pois reconheci que tinha cometido todos aqueles pecados e ofensas a Deus. Este retiro foi um Pentecostes e um marco muito bom na minha vida espiritual que me facultou o bem do corpo e da alma. Quando cheguei a casa deixei de regar a árvore e queimei as coisas do oculto que me tinham dado. Depois o Espírito Santo deu-me ainda consciência de mais pecados e fui-me confessar ao meu pároco.

Passados alguns meses fui a um novo retiro do Prof. João em que ele rezou por mim e eu estava completamente liberta e muito melhor de saúde. Foi uma graça muito grande eu ter saído de tudo isto. Dou graças a Deus por Ele ter enviado o Prof. João por estas terras do interior. É uma vida nova em Cristo a que eu chamo de segunda oportunidade e de reencontro com Jesus. Agora sei o Caminho que tenho a seguir.

Hoje sinto-me bem, com boa disposição e com maior discernimento. Estou melhor e todos à minha volta recebem mais alegria por eu estar bem. Acredito, sinto e percebo que Deus está Vivo. Acordo muitas vezes a cantar. Não sei cantar mas canto e não tenho vergonha. Sinto vontade de falar com as pessoas sobre Jesus, ao contrário do que se passava no passado em que não gostava de comunicar e me fechava em mim mesma. Sinto-me bem com Jesus Cristo e a Sua Verdade e digo aos outros para se afastarem das falsas tretas. E por vezes dou comigo a evangelizar.

Estou ainda desempregada mas encaro tudo de outra maneira. Agora é Missa, Bíblia, Terço, oração espontânea, grupo de renovação carismática, Adoração do Santíssimo, Rádio Maria, idas a Fátima e a outros santuários, o estar com a família e com pessoas que conheço, e também visitar os enfermos. Santo Agostinho também andou por “portas travessas” até chegar a ser santo e eu acredito muito no seu lema “Ama e faz o que quiseres” para conseguir ser santa como ele. Ir à Missa é agora para mim completamente diferente. Eu participo a sério na Missa escutando a Palavra de Deus. Antes só queria barulho e estar a par de tudo (e ao mesmo tempo não estava a par de nada), hoje estou no caminho da reflexão e do louvor a Deus. Todos os dias Lhe dou graças pelo dom da vida e Lhe peço para limar as minhas arestas e para usar os meus poucos talentos para O servir e servir os irmãos. Sei agora que o pouco com Deus é muito e o muito sem Deus 97 não é nada. Temos apenas que ter fé em Deus e não querer ser mais do que Ele.

Sinto que estou a fazer o caminho que Deus quer, apesar de não ser sempre como eu quero. Sinto que sou uma privilegiada e por isso agradeço a Deus. Sou uma chama pequenina que ninguém vê, mas Deus certamente ouve as minhas orações. Eu confio em Deus e espero n’Ele. Deus esteja connosco.