Libertação E. Kahama

E. Kahama

Sou natural de Mwanza, Tanzânia. Sou casada com um português, que conheci na Tanzânia quando ele trabalhava numa construtora portuguesa que opera em África.

Sou filha de mãe Católica e de pai Adventista do 7.º Dia (seita). Na Tanzânia aos 14 anos os filhos podem escolher a sua religião e eu escolhi ser Católica e fui baptizada.

Como sabemos em África há muita bruxaria (feita por mulheres) e feiticismo/espiritismo (feito por homens). Pouco depois de eu ter sido baptizada a minha mãe levou-me a um feiticeiro devido a uns problemazinhos de saúde que eu tinha. O feiticeiro evocou os espíritos e impôs as mãos sobre mim para me curar. Na altura lembro-me que o feiticeiro até me disse que eu também tinha o dom da cura, mas eu não acreditei. O que é certo é que após ter ido a este feiticeiro eu nunca mais fiquei bem de saúde. E como continuei a frequentar a Igreja e a comungar (sem me ter confessado) eu fiquei mesmo muito doente, tipo esquizofrénica, com delírios, alucinações auditivas e visuais, pensamentos e discursos desorganizados, alterações visíveis do comportamento, impulsos de agressividade, etc.

Como eu estava e continuava mal o meu pai levou-me também a um vizinho que era curandeiro (e que se dizia ser muçulmano) na esperança que este me curasse. Este fez as suas orações, impôs-me as mãos e rezou por mim e disse-me que tinha que deixar de ser Católica para ser curada. Mas eu não mudei de religião porque não queria ser muçulmana, porque via os maridos maltratarem as mulheres e algumas delas com o rosto coberto e isso assustava-me. E por isso não voltei mais a esse curandeiro.

Mas o meu estado de saúde não melhorava e um parente de família, ao saber do meu estado de saúde pelos meus pais, convidou-me a ir à Assembleia de Deus (que é uma seita dita pentecostal na Tanzânia). Eu fui e gostei. Passei a participar no culto e até comecei a sentir-me melhor e pensei até que tinha recebido o Espírito Santo e o dom das línguas porque eu tinha uma linguagem que não conseguia controlar e pensava que era o Espírito Santo dentro de mim (e porque era o que o pastor da seita me dizia). Mas afinal eram línguas falsas, demoníacas.

Entretanto casei-me pelo civil na Tanzânia com o meu marido e tive uma filha. Quando a minha filha fez três anos o meu marido trouxe-nos para Portugal por causa da educação dela. Deixou-me entregue à minha cunhada que passou a cuidar de nós. Em Portugal no início tive algumas dificuldades em me adaptar por causa da língua e dos costumes; mas não foi esse o meu maior problema.

A minha cunhada, que era católica praticante, como me via às vezes doente convidou-me a ir a uma sessão de espiritismo para ver se eu melhorava. Andei duas semanas no espírita, mas cada vez estava pior. A minha cunhada entretanto telefonava ao meu marido e dizia-lhe que eu tinha espíritos demoníacos e que eu precisava de ir às sessões de espiritismo. Mas como as sessões de espiritismo eram caras e eu cada vez estava pior, abandonei-as.

Entretanto comecei a beber vinho e outros tipos de bebidas alcoólicas e tive que ser internada porque o álcool me atacou o cérebro (porque muitas vezes bebia o vinho em jejum), e também fiquei com um problema grave no fígado. Continuei a piorar, a ter de novo os sintomas esquizofrénicos (que nunca me passaram) e comecei a ter pensamentos suicidas.

Como não melhorava, com a minha cunhada e o meu marido, fui a 3 bruxas e a 2 bruxos. Uma das bruxas mandou-me tomar um banho de sal, que eu fiz durante muito tempo, mas não resultou em benefícios na minha saúde. Um dos bruxos foi a minha casa e disse-me que eu estava possuída por um espírito de um homem morto de Portugal e que uma vizinha me tinha feito mal por causa da inveja. Fui a várias sessões deste bruxo mas como era muito caro e não via resultados positivos, deixei de ir lá.

Entretanto como não conseguia a cura nem melhoras, pedi para ir à Tanzânia porque pensava que só poderia obter a minha cura na minha terra. Eu viajei para a Tanzânia e a minha mãe levou-me a uma Assembleia de Cura com um profeta preto (que eu não sei o nome) mas que se auto-intitulava como Deus e que pedia para lhe chamarem de pai. Era um espírita. Ele além de entrar em transe, evocava os espíritos e impunha as mãos. As pessoas caíam no chão como no repouso no Espírito Santo, mas não tinha nada a ver com o repouso. Quando ele me impôs as mãos eu caí mas senti como que tivesse levado uma paulada. Estive no chão, mas quando me levantei não me lembrava de nada e sentia-me mal e com a cabeça pesada (porque eram coisas do demónio). Nessa Assembleia de cura havia pessoas que andavam como animais e gritavam, etc. Eu vim da Tanzânia pior do que tinha ido.

E em Portugal como os bruxos também não funcionaram eu comecei a ter cada vez mais pensamentos e desejos suicidas porque pensava que não estava a fazer nada neste mundo. Peguei na pistola do meu marido e tentei suicidar-me. Mas como não consegui dessa vez, tomei 0,5 litros de um frasco de herbicida que se coloca nas vinhas para combater as ervas daninhas. Levaram-me muito mal para o hospital e conseguiram-me salvar após uma lavagem ao estômago.

Foi aí que me falaram de um sacerdote. O sacerdote fez-me uma pequena catequese e convidou-me para ir a um retiro que o Prof. João e equipa iam fazer brevemente em Maio. Nesse retiro no sábado após a oração de renúncia o Prof. João convidou as pessoas que tinham tido determinados sintomas (aperto no estômago, mal estar geral, dor de cabeça ou cabeça pesada, etc.) a aproximarem-se do palco para serem rezadas por ele. O Prof. João pediu novamente ao Pai em Nome de Jesus o Espírito Santo, cantaram um cântico ao Espírito Santo, rezaram em línguas e quando o Prof. João veio rezar sobre as pessoas e me impôs as mãos eu manifestei-me e fiquei possessa. Fui liberta e fiquei bem. Como depois a seguir a esta oração de renúncia e de libertação houve intervalo o Prof. João veio falar comigo e perguntou-me se eu tinha consciência, depois do ensinamento e da oração de renúncia, de sítios onde tinha ido e em que não devia ter andado. Com o ensinamento e a oração de renúncia e libertação eu tomei consciência de tudo isto que vos acabei de contar e de outras coisas que ao longo dos ensinamentos do Prof. João tinha ouvido e fui-me confessar de todos estes pecados graves. Fiz uma excelente confissão e fiquei liberta. E também melhorei e muito da minha saúde porque o meu problema não era esquizofrenia mas sim ter andado por caminhos que Deus detesta e que só nos trazem problemas espirituais e de saúde.