
“Digo-vos a verdade: é melhor para vós que Eu vá, pois, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se Eu for, Eu vo-lo enviarei” (Jo 16:7)
E. Kahama
Sou natural de Mwanza, Tanzânia. Sou casada com um português, que conheci na Tanzânia quando ele trabalhava numa construtora portuguesa que opera em África.
Sou filha de mãe Católica e de pai Adventista do 7.º Dia (seita). Na Tanzânia aos 14 anos os filhos podem escolher a sua religião e eu escolhi ser Católica e fui baptizada.
Como sabemos em África há muita bruxaria (feita por mulheres) e feiticismo/espiritismo (feito por homens). Pouco depois de eu ter sido baptizada a minha mãe levou-me a um feiticeiro devido a uns problemazinhos de saúde que eu tinha. O feiticeiro evocou os espíritos e impôs as mãos sobre mim para me curar. Na altura lembro-me que o feiticeiro até me disse que eu também tinha o dom da cura, mas eu não acreditei. O que é certo é que após ter ido a este feiticeiro eu nunca mais fiquei bem de saúde. E como continuei a frequentar a Igreja e a comungar (sem me ter confessado) eu fiquei mesmo muito doente, tipo esquizofrénica, com delírios, alucinações auditivas e visuais, pensamentos e discursos desorganizados, alterações visíveis do comportamento, impulsos de agressividade, etc.
Como eu estava e continuava mal o meu pai levou-me também a um vizinho que era curandeiro (e que se dizia ser muçulmano) na esperança que este me curasse. Este fez as suas orações, impôs-me as mãos e rezou por mim e disse-me que tinha que deixar de ser Católica para ser curada. Mas eu não mudei de religião porque não queria ser muçulmana, porque via os maridos maltratarem as mulheres e algumas delas com o rosto coberto e isso assustava-me. E por isso não voltei mais a esse curandeiro.
Mas o meu estado de saúde não melhorava e um parente de família, ao saber do meu estado de saúde pelos meus pais, convidou-me a ir à Assembleia de Deus (que é uma seita dita pentecostal na Tanzânia). Eu fui e gostei. Passei a participar no culto e até comecei a sentir-me melhor e pensei até que tinha recebido o Espírito Santo e o dom das línguas porque eu tinha uma linguagem que não conseguia controlar e pensava que era o Espírito Santo dentro de mim (e porque era o que o pastor da seita me dizia). Mas afinal eram línguas falsas, demoníacas.
Entretanto casei-me pelo civil na Tanzânia com o meu marido e tive uma filha. Quando a minha filha fez três anos o meu marido trouxe-nos para Portugal por causa da educação dela. Deixou-me entregue à minha cunhada que passou a cuidar de nós. Em Portugal no início tive algumas dificuldades em me adaptar por causa da língua e dos costumes; mas não foi esse o meu maior problema.
A minha cunhada, que era católica praticante, como me via às vezes doente convidou-me a ir a uma sessão de espiritismo para ver se eu melhorava. Andei duas semanas no espírita, mas cada vez estava pior. A minha cunhada entretanto telefonava ao meu marido e dizia-lhe que eu tinha espíritos demoníacos e que eu precisava de ir às sessões de espiritismo. Mas como as sessões de espiritismo eram caras e eu cada vez estava pior, abandonei-as.
Entretanto comecei a beber vinho e outros tipos de bebidas alcoólicas e tive que ser internada porque o álcool me atacou o cérebro (porque muitas vezes bebia o vinho em jejum), e também fiquei com um problema grave no fígado. Continuei a piorar, a ter de novo os sintomas esquizofrénicos (que nunca me passaram) e comecei a ter pensamentos suicidas.
Como não melhorava, com a minha cunhada e o meu marido, fui a 3 bruxas e a 2 bruxos. Uma das bruxas mandou-me tomar um banho de sal, que eu fiz durante muito tempo, mas não resultou em benefícios na minha saúde. Um dos bruxos foi a minha casa e disse-me que eu estava possuída por um espírito de um homem morto de Portugal e que uma vizinha me tinha feito mal por causa da inveja. Fui a várias sessões deste bruxo mas como era muito caro e não via resultados positivos, deixei de ir lá.
Entretanto como não conseguia a cura nem melhoras, pedi para ir à Tanzânia porque pensava que só poderia obter a minha cura na minha terra. Eu viajei para a Tanzânia e a minha mãe levou-me a uma Assembleia de Cura com um profeta preto (que eu não sei o nome) mas que se auto-intitulava como Deus e que pedia para lhe chamarem de pai. Era um espírita. Ele além de entrar em transe, evocava os espíritos e impunha as mãos. As pessoas caíam no chão como no repouso no Espírito Santo, mas não tinha nada a ver com o repouso. Quando ele me impôs as mãos eu caí mas senti como que tivesse levado uma paulada. Estive no chão, mas quando me levantei não me lembrava de nada e sentia-me mal e com a cabeça pesada (porque eram coisas do demónio). Nessa Assembleia de cura havia pessoas que andavam como animais e gritavam, etc. Eu vim da Tanzânia pior do que tinha ido.
E em Portugal como os bruxos também não funcionaram eu comecei a ter cada vez mais pensamentos e desejos suicidas porque pensava que não estava a fazer nada neste mundo. Peguei na pistola do meu marido e tentei suicidar-me. Mas como não consegui dessa vez, tomei 0,5 litros de um frasco de herbicida que se coloca nas vinhas para combater as ervas daninhas. Levaram-me muito mal para o hospital e conseguiram-me salvar após uma lavagem ao estômago.
Foi aí que me falaram de um sacerdote. O sacerdote fez-me uma pequena catequese e convidou-me para ir a um retiro que o Prof. João e equipa iam fazer brevemente em Maio. Nesse retiro no sábado após a oração de renúncia o Prof. João convidou as pessoas que tinham tido determinados sintomas (aperto no estômago, mal estar geral, dor de cabeça ou cabeça pesada, etc.) a aproximarem-se do palco para serem rezadas por ele. O Prof. João pediu novamente ao Pai em Nome de Jesus o Espírito Santo, cantaram um cântico ao Espírito Santo, rezaram em línguas e quando o Prof. João veio rezar sobre as pessoas e me impôs as mãos eu manifestei-me e fiquei possessa. Fui liberta e fiquei bem. Como depois a seguir a esta oração de renúncia e de libertação houve intervalo o Prof. João veio falar comigo e perguntou-me se eu tinha consciência, depois do ensinamento e da oração de renúncia, de sítios onde tinha ido e em que não devia ter andado. Com o ensinamento e a oração de renúncia e libertação eu tomei consciência de tudo isto que vos acabei de contar e de outras coisas que ao longo dos ensinamentos do Prof. João tinha ouvido e fui-me confessar de todos estes pecados graves. Fiz uma excelente confissão e fiquei liberta. E também melhorei e muito da minha saúde porque o meu problema não era esquizofrenia mas sim ter andado por caminhos que Deus detesta e que só nos trazem problemas espirituais e de saúde.