
“Digo-vos a verdade: é melhor para vós que Eu vá, pois, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se Eu for, Eu vo-lo enviarei” (Jo 16:7)
Amélia
O desafio que me foi lançado pelo Prof. João Dias para escrever o meu testemunho na sequência de um Retiro Carismático que ele pregou em Setúbal no auditório da Anunciada e em que eu estive presente, levou-me a fazer um balanço, não só do que me sucedeu nesse retiro, mas de toda a minha vida, agora vista com novos olhos, abertos pela Luz do Espirito Santo que recebi nesse maravilhoso retiro.
Nasci no seio de uma família católica, sendo os meus pais ambos praticantes desde jovens. Fui batizada não tinha ainda um mês de vida. Porque toda a família, quer materna, quer paterna, era católica praticante, frequentei os bancos da Igreja desde criança, fiz a catequese e 1ª comunhão, com 7-8 anos. Nessa altura a minha casa era frequentada por um primo sacerdote, que estivera em missão em Timor durante 4 anos, o que marcou ainda mais a minha religiosidade.
Quando tinha 10 anos de idade, a minha vida foi atingida por um terramoto que veio a marcar todo o meu futuro. O meu pai faleceu repentinamente, com uma embolia cerebral, quando tinha apenas 38 anos de idade. A minha mãe, com 36 anos, ficou profundamente afetada psíquica e fisicamente, com reflexos no seu desempenho profissional, que praticamente abandonou, por incapacidade. Eu fiquei perdida, sem referências, mergulhada numa depressão, porque amava muito o meu pai e era por ele muito amada e mimada, até porque era filha única. Pelo menos a partir de então, com o meu conhecimento e companhia, a minha mãe passou a recorrer a pessoas denominadas “virtuosas” (curandeiros e bruxos/espíritas) e que lhe receitavam produtos para a sua doença e mandavam rezar missas e colocar velas por alma do meu pai porque, segundo elas, o meu pai precisava de muita “luz” lá onde estava na eternidade. Eu ajudava a minha mãe nesta tarefa. A partir daí ambas ouvíamos por vezes ruídos de noite e eu lembro-me que era hipersensível e tinha muito medo do escuro e das almas dos mortos.
Por outro lado sempre me senti diferente, com uma hipersensibilidade e uma intuição especiais. Não raro, tinha premonições de factos que iam suceder, o que acontecia em sonhos ou através de visão mental. Ou então, simplesmente sentia o que não conseguia explicar racionalmente, talvez fruto desta minha ida precoce ao ocultismo com a minha mãe. Também tinha muito medo do Inferno, porque fui formada na ideia de um Deus castigador. Recorria muito a Nossa Senhora de Fátima, de quem os meus pais sempre foram muito devotos, mas, apesar de ir à missa ao domingo e ao terço no mês de Maio, desconhecia o conteúdo dos Evangelhos. Não recebi o sacramento do crisma, porque não houve formação para os jovens da minha idade no local onde vivia.
A minha mãe, apesar de ser católica e muito autoritária e dura de princípios, continuou a frequentar os “virtuosos”, quase na qualidade de médicos e também de conselheiros espirituais. Pedia-lhes ajuda e conselho para os meus estudos, encaminhamento profissional e até para os namoros, quando surgiu a idade. Hoje sei que não eram de Deus. Mas na altura eu encarava como normal toda essa postura da minha mãe, que vim a adotar no meu futuro, e nunca pensei que seria incompatível com a minha condição de católica, de filha de Deus. Não percebi que estava a ofender a Deus e a abrir as portas ao demónio.
A minha vida afetiva foi um desastre. Casei duas vezes e divorciei-me outras tantas, sempre com a influência da minha mãe e dos “virtuosos” videntes a quem recorria. Quando queria saber algo sobre o futuro ou os pretendentes que me iam surgindo, recorria a um amigo médium/espírita ou a outras pessoas conhecidas que trabalhavam no ocultismo. Tornei-me dependente dessas pessoas e dos pretendentes por quem me apaixonava, mas sempre sem qualquer concretização, nem sequer namoro. Até que mais tarde conheci uma pessoa com quem vim a manter um relacionamento em união de facto, durante cerca de um ano. E sucedeu algo muito mau, que durante anos quis fazer de conta que não acontecera. A certa altura fiquei grávida e o meu companheiro, não quis assumir o filho e obrigou-me a fazer um aborto. Passado algum tempo saiu de casa e deixou-me uma carta e nunca mais o vi. O que se passou depois disso foi muito mau. Perdi a saúde, tive que deixar várias atividades ligadas a minha área profissional em que estava envolvida, e embora continuasse a trabalhar, vivia mergulhada e tornei-me dependente de comprimidos misturados com álcool. Para evitar um internamento para desintoxicação frequentei um grupo de Alcoólicos Anónimos e consegui ao fim de alguns meses de deixar totalmente de consumir álcool.
Foi então que um amigo me convidou para ir fazer um Cursilho de Cristandade. Como ele já fizera um Cursilho e mostrava-se aparentemente muito mudado eu aceitei o desafio. Em 2007 fiz o meu Cursilho de Cristandade, durante 3 dias. Aí, deu-se a minha primeira grande conversão interior. Sai do Cursilho profundamente apaixonada por Jesus Cristo. E desde então, passei a frequentar as Ultreias e fui convidada para a Escola de Dirigentes, que frequentei durante alguns anos. A minha paixão por Jesus Cristo e a vivência na Escola e Ultreia levaram-me a interessar-me pelo estudo da Bíblia, em especial os Evangelhos, os Atos dos Apóstolos, as Cartas, muito em particular as de S. Paulo, padroeiro desse Movimento. Mas aí não aprendi nem tomei consciência do meu estado de pecado.
Depois deixei-me envolver emocionalmente pelo tal amigo numa dependência doentia, em que fiz dele o meu Deus. Só depois de ele me ter extorquido dinheiro e de eu perceber que ele não me ligava e me “traía” com outras mulheres é que eu caí na realidade. Nessa altura senti-me completamente perdida e cheia de ressentimentos.
Como não conseguia lidar emocionalmente com a situação, voltei a recorrer a videntes pedindo conselhos, a pessoas que lançavam cartas e búzios. Fiz o que me mandavam fazer, embora sempre sem prejuízo alheio, gastando muito dinheiro com todas estas situações. Eu estava bastante doente, com a minha vida desgovernada em várias áreas, económica, afectiva e profissional (com um grau de incapacidade de 61,2% e muita dificuldade no trabalho). Como forma de melhorar a minha saúde entreguei-me nas mãos de pessoas que faziam massagens energéticas (shiatsu e reiki), à iogoterapia e ao ocultismo. O ocultismo tomou conta de mim e em buscas na internet descobri a Grande Fraternidade Branca Universal, ligada aos Mestres Ascensos e achei que tinha encontrado o meu caminho. Mas nenhuma destas formas de alegada cura resultou.
Depois, por graça de Deus fui a um grupo carismático onde conhecia algumas senhoras que já tinha conhecido no Cursilho, mas não entendia muito bem o que andava ali a fazer. E foi aí que me convidaram para ir ao retiro do Prof. João Dias em Setúbal. Aceitei, por curiosidade e vontade de aprender. Tinha já lido o seu livro sobre a Efusão e Repouso no Espírito Santo e isso tinha despertado em mim muita curiosidade e desejo de experimentar aquele Amor de Deus que era descrito no livro. E assim eu fui para Setúbal, ao referido Retiro do Prof. João Dias.
No Retiro depois do ensinamento sobre o Reino de Deus e a oração de renúncia, o Prof. João Dias chamou as pessoas que estivessem com determinados sintomas e a sentir-se mal com algum bloqueio para irem ao palco para serem rezadas por ele. Eu perdi a vergonha e fui ao palco até porque durante o louvor e a evocação do Espírito Santo eu já tinha estado em grandes dificuldades com problemas espirituais. Quando ele me impôs as mãos eu caí imediatamente no chão possessa. Quando estava no chão, uma “entidade” tomou conta de mim, querendo fazer-me mal, apertou-se o pescoço, dizia que me queria matar. O Prof. João Dias foi colocando as suas mãos sobre mim e rezando em línguas, e ao fim de algum tempo senti que estava liberta. Depois de me libertar ele perguntou-me logo se eu tinha consciência dos locais onde tinha andado e que necessitava de os confessar imediatamente. Como com o ensinamento e oração de renúncia eu me tinha1 apercebido, pela primeira vez na vida, de todo o meu pecado, confessei-me duas vezes durante o Retiro, com um dos dois sacerdotes que estiveram disponíveis no local para Ministrar o Sacramento da Reconciliação.
No final do Retiro houve Efusão do Espírito Santo e quando o Prof. João Dias me impôs as mãos eu entrei no repouso do Espírito. Dei graças à Santíssima Trindade por assim agir em mim e ao irmão João por me ajudar. No repouso senti uma grande paz interior. Experimentei também uma grande alegria quando saí do Retiro. E nos meses subsequentes e até ao presente, tomei vários tipos de atitudes que foram: 1) afastamento total de todas essas práticas demoníacas; 2) Missa diária e confissão frequente; 3) Oração assídua, com recitação do Rosário e Lectio Divina diária, entre outras coisas.
Revendo a minha vida à luz do que aprendi com os ensinamentos do Prof. João Dias naquele Retiro de Setúbal, nas próximas linhas procurarei individualizar as práticas demoníacas que frequentei, ligadas a entidades/forças ou energias curativas que não partiam de Deus:
1) Conforme já referi, ao longo de quase toda a minha vida recorri, quer com a minha mãe, ou sozinha, a “virtuosos” (curandeiros e bruxos) e a mediuns/espíritas. Como era muito reservada e insegura, o meu objetivo era pedir conselhos, opiniões sobre assuntos relacionados com a minha vida afetiva, familiar, profissional, económica, etc. Colocava o poder de governar a minha vida nas mãos dessas pessoas, considerando válidas as indicações que me davam, em lugar de confiar apenas em Deus. Isto porque eu achava que, através dessas pessoas, conseguia atingir os meus objetivos, o que não sucedia através do “mero” pedido a Deus. A verdade é que eu queria que fosse feita a minha vontade e não a vontade de Deus. Hoje posso afirmar que as orientações que me foram dadas não conduziram a qualquer resultado bom, sendo a minha vida marcada por uma grande instabilidade, em quase todas essas áreas. Na área da saúde, cheguei a tomar chás ou produtos naturais que tais pessoas me prescreviam e que eram “rezados” por elas. Na questão das almas dos mortos/familiares e que estariam necessitadas de “luz” ou que me atormentariam, a minha ignorância do Evangelho e do Credo levou-me a consultar os médiuns/espíritas. Devo ainda referir que em jovem, embora na brincadeira, eu e as minhas amigas chegámos a invocar os mortos através do jogo do copo. Aqui o que estava em causa era a curiosidade. Isto mostra que depois de iniciada com os ditos “virtuosos” eu sempre tive uma certa atração pelo ocultismo. No Retiro de Setúbal tomei consciência de que aquilo não era um simples jogo e que o demónio o tomava a sério.
2) Quando tinha 25 anos conheci uma amiga que tinha ido a uma consulta de um astrólogo muito conhecido, o Hórus. Marquei consulta e fui lá duas vezes. O senhor fez o meu mapa astral e traçou indicações sobre a minha vida e a minha personalidade, que tomei por certas (embora tenha dado tudo errado). Consultei ainda outros astrólogos em feiras de ocultismo que frequentei ou pessoas amigas com conhecimentos na área da astrologia. Cheguei a pagar para fazer o que me mandavam, através de velas, banhos, incensos, ora- ções, etc. Também recorri inúmeras vezes a pessoas que lançavam cartas (tarot e outros tipos de cartomância) e búzios e que davam indicações sobre assuntos relacionados com a minha vida afetiva, familiar, profissional, económica, de saúde etc. Algumas dessas pessoas pediam-me dinheiro para fazer trabalhos que achavam que tinham que ser feitos, limpeza espiritual, afastamento de pessoas, amarração, etc. E também recorri inúmeras vezes a ciganas para me lerem a palma da mão. Quanto mais me entreguei a todas estas práticas demoníacas, pior a minha vida corria e a minha saúde se detiorava.
3) Como forma de melhorar a minha saúde, entreguei-me nas mãos de pessoas que faziam massagens no corpo evocando energias ocultas, massagens shiatsu e reiki, visando curar-me e aliviar as dores. Uma dessas “massagistas”, que me diagnosticou fibromialgia, soube mais tarde que era bruxa. Fiz também durante três anos “hatha” ioga como forma de exercício físico e para melhorar a minha saúde física, mental e espiritual (sem relacionar com religião). Posteriormente, andei na Universidade Espiritual Mundial Brahma Kumaris, onde fui conduzida por uma amiga taróloga e tirei um curso de ioga mental e de pensamento positivo (iogaterapia). Aprendi a entoar mantras, a fazer meditação, com referência a um ponto de luz (chakra), no centro da testa. Esta prática de ioga mental/iogaterapia com entoação de mantras e de meditação dava-me paz interior momentânea, mas essa paz era fictícia.
4) Como referi o ocultismo tomou conta de mim quando descobri a Grande Fraternidade Branca Universal, ligada aos Mestres Ascensos. Embora reportasse sempre ao Mestre Ascenso Jesus Cristo, entoava os mantras sugeridos e afirmações iniciadas com a palavra “EU SOU”. Aprendi que me tornava naquilo a que associasse a palavra “EU SOU”, inclusivé a minha cura. Também aprendi a meditar com a chama violeta do Mestre Ascenso Saint German e a fazer as visualizações sugeridas. A meditação com a chama violeta assentava no princípio que esta chama era transformadora e purificadora. Alegadamente limpava toda a negatividade presente e passada existente em mim. Seria a cor do Mestre Ascenso Saint Germain. Meditava vendo-me envolvida em chama dessa cor e entoava mantras. Fiz também uma iniciação na Grande Faternidade ao longo de vários meses, baseada num livro “A bênção da energia das estrelas”. O nome do livro diz tudo, mas os meus olhos na altura estavam cegos pelo demónio.
Em simultâneo, entrei num grupo denominado Anjo de Luz, com ligações à Grande Fraternidade Branca Universal e aos Mestres Ascensos. Em conjunto com alguns membros deste grupo, que frequentava na internet, segui a iniciação para a ascensão para a quinta dimensão. Aceitei a mudança interior do meu corpo, com aumento de volume e demais trabalho que fosse feito em mim, pelos Mestres Ascensos. A ascensão para a quinta dimensão prendia-se com a ideia de que a terra estaria numa vibração de terceira dimensão e iria ascender para a quinta dimensão, mais próxima da vivência em puro espírito e mais próxima de Deus. Havia a expectativa de que isso sucederia em Dezembro de 2012. Houve todo um período de preparação, no qual se incluía a admissão para que o corpo fosse transformado, aumentando de volume para poder acompanhar a ascensão da terra, na altura própria. Foi também dada autorização por mim para modificação do meu ADN. Claro que tudo isto era uma farsa. Chegou o dia 31 de Dezembro de 2012 e tudo continuou como antes, e este modo de estar e viver em nada contribuiu para a minha felicidade e cura.
A partir dai afastei-me da Grande Fraternidade Branca Universal e do grupo Anjo de Luz, porque vi o engodo. Mas não liguei nada disto a Satanás e não confessei estes pecados (e porque na Igreja também ninguém nos fala destes assuntos). Como disse atrás, só percebi e tomei consciência de que estava entregue nas mãos do demónio, e que me tinha que confessar de toda esta minha vida, quando dos ensinamentos e da oração de renúncia e libertação do Prof. João Dias no Retiro.
E muito mais haveria para contar. Que o meu testemunho tenha a veleidade de levar os leitores a evitar caírem nestas práticas demoníacas, aceitando a vontade de Deus e a Cruz de Jesus como o único Caminho para chegar ao Céu.
Obrigada Professor João Dias pelo auxílio que me prestou, em Nome de Jesus Cristo.